O 147 foi o primeiro modelo de automóvel produzido pela Fiat do Brasil entre 1976 e 1986, baseado no 127 italiano. Foi, portanto, o carro que inaugurou a FIAT no Brasil e foi o responsável por começar a trajetória da marca no país;

História
Primeiro carro produzido pela FIAT do Brasil que inaugurava sua fábrica em Betim (MG) em 1976, o 147 foi um divisor de águas no mercado automobilístico nacional. O excelente aproveitamento de espaço interno, a imbatível economia (importantíssima em tempos de crise do petróleo) e até então inédita estabilidade, fez dele um carro que definitivamente entrou para história e mudou para sempre o jeito de se fazer automóvel no Brasil.
O carro foi mostrado oficialmente pela primeira vez no X Salão do Automóvel[1], realizado no dia 18 de Novembro de 1976. Foram expostas 15 unidades do FIAT 147 pintadas em cores diferentes e inclusive protótipos de 147 movidos à Álcool (hoje Etanol). Assim que chegou ao mercado nacional, o FIAT 147 ganhou o título de mais estável carro nacional, colocando no bolso de uma única vez o VW Passat, o Chevrolet Chevette e o Dodge 1.800/Polara. Como se não bastasse, era também o carro de passeio no Brasil com o menor motor e, sabendo disso, a FIAT logo conquistou diversos compradores com suas propagandas inusitadas e ousadas.
Em seus dez anos de produção, o FIAT 147 passou por duas reestilizações sem grandes mudanças na carroceria e ganhou o título de Carro do Ano de 1978 pela Revista Autoesporte. Na primeira reestilização ganhou uma frente mais baixa com faróis e grade inclinados, no estilo que a marca chamou "Europa" em 1980 e, mais tarde em 1983, a segunda que foi chamada de "frente Spazio", incorporando para-choques de plástico envolventes no estilo alusivo a modelos contemporâneos da marca como o Fiat Ritmo e o lançamento do ano seguinte Fiat Uno. O Spazio foi oferecido nas versões CL, CLS e o esportivo TR substituindo o "147 Rallye" que tinha câmbio opcional de 5 marchas.
Apesar da intenção inicial da FIAT em competir com o Volkswagen Fusca que inegavelmente tinha um desempenho e consumo inferiores, o 147 batia de frente com concorrentes como Volkswagen Brasília e Chevrolet Chevette. A Revista Autoesporte fez um comparativo à época entre estes modelos e devido à modernidade do projeto o 147 foi o vencedor.
Originou uma versão picape lançada em 1978, a princípio chamada de Fiat 147 Pick-up. Em 1982, ganhou plataforma igual a da Panorama e passou a se chamar Fiat Fiorino. Na mesma época, foi lançado a versão furgão, que é produzido até hoje, na plataforma do Uno. A perua Fiat Panorama, foi lançada em 1980 e a versão sedã, Fiat Oggi, em 1983. O Fiat 147 Pick-up também possuía uma versão com cabine dupla, que era adaptada posteriormente a fabricação do carro. A autorizada encomendava a cabine de empresas que fabricavam cabines na época(Brasinca, Tropical e Sulan) e instalava a cabine na autorizada, comercializando direto na loja com garantia de fábrica. Poucas unidades com cabine dupla foram comercializadas e o Fiat 147 Pick-up cabine dupla[2] é muito difícil de ser encontrado nos dias de hoje, se tornando objeto de colecionadores. Essas versões tiveram vida curta (apenas até 1986). A versão Hatchback do 147 saiu de linha no Brasil em 1986 sendo substituída pelo Uno, embora o Spazio continuasse sendo montado para exportação até 1993, e o ferramental de produção foi em parte transferido para a Argentina, onde foi montado até 1996. As versões pick-up e furgão (Fiorino) foram substituídos pela plataforma do Fiat Uno em 1988. Na argentina foi lançado em 1986 com o nome de 147 Brio.
As Propagandas
Com intuito de impressionar o público brasileiro que era pouco acostumado com novidades relevantes no que se referia à automóveis, a FIAT realizou diversos comerciais até hoje lembrados por muitos e felizmente disponíveis no YouTube. Um deles foi a travessia da Ponte Rio-Niterói (recém-inaugurada) com consumo de menos de 1 litro de combustível (3/4 segundo o comercial), feito impressionante para a época. Além dele, outro comercial focava na resistência e tenacidade do modelo, comparando com um jovem reservista e colocando no campo de provas de Gericinó. Em tempos de Governo Militar, tal comparação foi extremamente bem recebida pela público e tal como várias outras, marcou a memória de vários daquela geração.O Motor
O motor do FIAT 147[3] certamente é uma das peças mais importantes e relevantes até hoje no que se refere à indústria automobilística brasileira. Projetado por ninguém menos que Aurelio Lampredi (cuja história está brilhantemente disponível aqui), o FIASA - como era chamado - durou muito mais do que o próprio 147 e foi responsável por boa parte do sucesso do "carrão pequeno" em nossas terras e também por parte da má-fama que resiste até hoje.Desenhado especialmente para o mercado brasileiro já que o de 800cm³ do 127 era fraco demais para cá, o FIASA dispunha à época de seu lançamento de 1.050 cilindradas, 7,2:1 de taxa de compressão (devido à péssima qualidade da gasolina à época) e 55 CV SAE que levavam o FIAT 147 à 135km/h de velocidade máxima e, mais importante ainda para a época, médias louváveis de consumo até para os dias de hoje.
O site AutoEntusiastas explica de forma brilhante, técnica e minuciosa a história do FIASA,
A Injusta Má Fama
A mecânica sofisticada do 147 à época demandava conhecimentos técnicos e ferramentas até então pouco conhecidas pelos mecânicos. Muitos 147 tiveram sua correia dentada partida antes dos 40.000km estabelecidos pela fábrica devido à necessidade - que era única do FIAT 147 - em girar-se o motor no sentido anti-horário após a instalação da correia nova, com o intuito de distribuir corretamente a tensão na mesma. Num mercado tomado de mecânicos pouco experientes, mal-treinados e inobservantes à detalhes, o caminho seguiu para que toda culpa fosse jogada no automóvel. Além disso, seu câmbio também fora jsutamente criticado por apresentar maior dificuldade para o engate das marchas em suas primeiras versões, característica que apesar de amenizada com o passar dos anos jamais fora abandonada.O 147 no cenário antigomobilista nacional
Atualmente reúne milhares de admiradores e apaixonados, possuindo por vários lugares do Brasil clubes e grupos de destaque que estão sempre se reunindo e promovendo o modelo. Estão dentre eles a FIAT 147 Brasil - maior comunidade nacional do modelo, o 147 FIAT Clube do Rio de Janeiro (responsável pelo encontro no qual participou o 1º FIAT do Brasil), o Amigos do 147, o Eu Tenho um FIAT 147 e outros grupos, sendo estes os de maior atividade e relevância.Livro do FIAT 147
Em 2016 foi publicado pela Editora Alaúde o livro "Clássicos do Brasil: FIAT 147", escrito por José Rogério Lopes de Simone e Rogério Ferraresi. O livro conta de forma extremamente minuciosa e detalhada a história não só do FIAT 147 mas também da FIAT e como se deu sua instalação no Brasil em 1976.O Chassi 000001
Foto do 1º FIAT do Brasil tirada no 1º aniversário do 147 FIAT Clube - RJ
A Associação em um sorteio à época premiou a Concessionária Milocar com o carro. Desde então, o veículo encontra-se exposto no hall da Concessionária localizada no Rio de Janeiro - RJ e é o "santo graal" para os apaixonados por 147 e por FIAT em geral. Conta-se que a FIAT tentou reaver a unidade na década de 90 oferecendo até mesmo uma carreta cheia de Elbas à concessionária, que para felicidade dos apaixonados e entusiastas não aceitou.
Em Maio de 2016, o 147 FIAT Clube - RJ realizou seu evento de aniversário no pátio da Milocar e conseguiu, junto à administração da concessionária, que o 000001 fosse retirado de dentro da loja e exposto fora da loja, contando até mesmo com uma breve volta nas ruas ao redor da loja. O site de cultura automobilista FlatOut! contou de forma detalhada o encontro.
Pioneirismo
O 147 marcou seu pioneirismo em várias formas:- Primeiro carro da Fiat produzido no Brasil, marcando o início das operações em 9 de julho de 1976, em Betim - Minas Gerais;
- Primeiro carro brasileiro com motor transversal dianteiro;
- Primeiro carro no Brasil com coluna de direção articulada;
- Primeiro carro a álcool fabricado em série em todo o mundo (a partir de 1979);
- O menor carro a diesel da época, sendo vendido na Europa e Argentina;
- Primeiro carro brasileiro com todas as "variantes": hatch, sedan, perua, furgão e pick-up, faltando apenas as variantes conversível e utilitária esportivo;
- Primeiro carro brasileiro com o estepe junto ao compartimento do motor, ou seja embaixo do capô dianteiro;
- Primeiro carro no Brasil a utilizar para-choques de plástico polipropileno em larga escala (no modelo Europa em 1980);
- Primeiro carro brasileiro com desembaçador traseiro.
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